quarta-feira, 23 de maio de 2012

Entrevista sobre Cyberteologia com Padre Antonio Spadaro SJ

O consultor do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e também do Pontifício Conselho para a Cultura, Padre Antônio Spadaro, explica sua teoria sobre a Cyberteologia: como aprofundar-se na fé no mundo digital.
O sacerdote (JESUÍTA) italiano explica como o cristão deve dar o seu testemunho de fé na internet e destaca a revolução trazida por esse novo meio de comunicação.

 O que é a cyberteologia? 
P. Antonio Spadaro: A internet está mudando o nosso modo de conhecer o mundo, de nos relacionarmos com as pessoas, de nos relacionarmos com a realidade. Está mudando o nosso modo de pensar. As recentes tecnologias digitais não são mais simples instrumentos completamente externos ao nosso corpo e à nossa mente, mas um “ambiente” no qual nós vivemos. Eis então a minha pergunta: a Rede não estará mudando talvez o nosso modo de pensar e de viver a fé? Eis a pergunta com a qual iniciei minha reflexão.
 A cyberteologia, portanto, pode ser considerada como a inteligência da fé no tempo da rede, isto é, a reflexão sobre o pensamento da fé à luz da lógica da rede. Me refiro à reflexão que nasce da pergunta sobre o modo no qual a lógica da rede, com as suas potentes metáforas que trabalham sobre o imaginário e também sobre a inteligência, possa modelar a escuta e a leitura da Bíblia, o modo de compreender a Igreja e a comunhão eclesiástica, a Revelação, a liturgia, os sacramentos: os temas clássicos da teologia. Por exemplo, entre tantos, pode ser mais claro: como muda a busca de Deus nos tempos dos motores de busca?
 Em particular, a Rede, a cultura do cyberespaço põem novos desafios para a nossa capacidade de formular e escutar uma linguagem simbólica que fale da possibilidade e dos sinais de transcendência na nossa vida. Jesus mesmo no anúncio do Reino soube utilizar os elementos da cultura e do ambiente do seu tempo: o rebanho, os campos, o banquete, as sementais e por aí vai. Hoje somos chamados a descobrir, também na cultura digital, símbolos e metáforas significativas para as pessoas, que possam servir de ajuda no falar do Reino de Deus ao homem contemporâneo.
 A reflexão é mais que nunca importante, porque resulta fácil constatar como sempre mais a internet contribui na construção da identidade religiosa das pessoas. E se isso é verdadeiro no geral, o será sempre ainda mais para os mais jovens, os por assim dizer, “nativos digitais”.
 A cyberteologia é, portanto, não uma reflexão sociológica sobre a religiosidade na internet, mas é fruto da fé que liberta por si mesmo um impulso conhecível em um tempo no qual a lógica da rede marca o modo de pensar, conhecer, comunicar, viver...



O senhor sempre fala de internet na prospectiva antropológica, como uma rede de relação, como uma resposta às necessidades mais profundas do homem em relação à interação. Mas, a seu parecer, a mesma rede de interações não pode "empobrecer" as verdadeiras relações, as tidas como "reais"? Como evitar que a rede se torne uma ameaça para as verdadeiras relações? 
P. Antonio Spadaro: O aparecimento da internet foi, de fato, uma revolução tecnológica. Todavia o que exprime esta revolução? Onde estão as suas raízes? Pensando na internet é necessário não somente imaginar as prospectivas de futuro que oferece, mas considerar também os desejos e as expectativas que o homem sempre teve e as quais tenta responder, isto é: conexão, relação, comunicação e conhecimento.
 E a rede é um espaço de experiência que sempre mais está se tornando parte integral, em maneira fluida, da vida cotidiana: é um novo contexto existencial. Portanto, a rede não é, um simples 'instrumento' de comunicação que se pode usar, mas se evoluiu em um espaço, um ambiente cultural, que determina um estilo de pensamento e cria novos territórios e novas formas de educação, contribuindo para definir também um modo novo de estimular as inteligências e a estreitar as relações, um modo de habitar o mundo e organizá-lo. Não é, portanto, um ambiente separado da vida ordinária, mas ao contrario, sempre mais integrado, conectado com aquele da vida cotidiana.
De fato, um dos desafios maiores, especialmente para aqueles que não são “nativos digitais”, é aquela de não ver na rede uma realidade paralela, isto é, separada em relação à vida de todos os dias, mas um espaço antropológico interconectado em raiz com outros da nossa vida. Ao invés de fazer-nos sair do nosso mundo para escavar o mundo virtual, a tecnologia fez entrar o mundo digital dentro do nosso mundo ordinário. Os meios digitais não são portas de saída da realidade, mas extensões capazes de enriquecer a nossa capacidade de viver as relações e trocar informações.
 Portanto, o verdadeiro desafio de hoje é aquele de viver a Rede como um dos ambientes de vida. Não “usar bem” a Rede, mas “viver bem” nos tempos da Rede.



Qual o papel que os cristãos devem assumir quando o assunto é "social network" (rede social)? A evangelização na rede deve ser sempre direta ou existem estratégias que devem ser usadas para que se fale do Evangelho sem referências claras? 
P. Antonio Spadaro: A lógica dos social networks (Facebook, Twitter,...) nos faz compreender melhor que antes, que o conteúdo partilhado é sempre estreitamente ligado à pessoa que o oferece. Não existe, de fato, nessas redes nenhuma informação “neutra”: o homem está sempre envolvido com aquilo que comunica. Cada um é chamado a assumir as próprias responsabilidades e o próprio papel no conhecimento. Neste sentido, o cristão que vive imerso nas redes sociais é chamado a uma autenticidade de vida multo empenhativa: essa toca diretamente o valor de sua capacidade de comunicação. Quando as pessoas trocam informações, estão já dividindo si mesmas: isto é, aquilo que creem, as suas esperanças, os seus temores, as suas fraquezas, os seus ideais....
 A tecnologia da informação, contribuindo em criar uma rede de conexões, portanto, parece ligar mais estreitamente amizade e conhecimento, conduzindo os homens a fazerem-se testemunhas daquilo sobre o qual fundam a própria existência. O testemunho está se tornando a verdadeira prova privilegiada de comunicação no ambiente digital. Um anúncio do Evangelho que não passe pela autenticidade de uma vida cotidiana pessoal partilhada ficaria, hoje mais que nunca uma mensagem expressa em um código compreensível talvez com a mente, mas não com o coração. A fé, portanto, não somente transmite, mas sobretudo pode ser suscitada no encontro pessoal, nas relações autênticas.
 Testemunhar, portanto, não significa somente inserir conteúdos declaradamente religiosos nos social network. Testemunhar significa, antes de tudo, viver uma vida ordinária alimentada pela fé em tudo: visão do mundo, escolhas, orientações, gostos e portanto, também o modo de comunicar, de construir amizades e relacionar-se fora e dentro da Rede. E de consequência também, como escreveu o Papa na Mensagem para a Jornada Mundial das Comunicações de 2012, “testemunhar com coerência, no próprio profile digital e no modo de comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, também quando dele não se fala de forma explícita”. O anúncio, portanto, não deve nunca cair nas malhas da propaganda, mas deve ser testemunho ordinário, vital, não ideológico.



Na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações deste ano, o Papa falou sobre o silêncio que precede a comunicação. Como viver esse "silêncio" no mundo da rede, "lugar" no qual tudo é feito velozmente, onde cada segundo é capaz de portar uma nova informação? É um desafio?
P. Antonio Spadaro: É um grande desafio, certamente. Frequentemente, quando se fala de meios, se diz, de forma automática, que eles fazem “barulho”, gerando um rumor do qual se faz necessário reparar-se, retirando-se. Bento XVI, já pelo título da sua mensagem afirma que o silêncio e a palavra fazem parte de um único caminho, cobrindo a prospectiva e propondo um modo diferente de ver as coisas e de ler o significado do silêncio e da palavra. Isso me parece, de fato, o primeiro núcleo central da Mensagem do Pontífice: o silêncio é parte integrante da comunicação, parte da capacidade do homem de falar, e não o seu oposto. Os discursos do silêncio por si só, além do tecido comunicativo, correm o risco de tornarem-se um discurso da mudez, do isolamento, da autossuficiência. Silêncio e Palavra são, de fato, parte de um ambiente comunicativo que têm seus equilíbrios os quais devem ser respeitados para serem virtuosos. Neste sentido, o silêncio permite à palavra tornar-se, verdadeiramente, um lugar de experiência e de encontro, além do mecanismo da “informatio overload”.
 Uma outra passagem chave da Mensagem do Pontífice consiste em considerar o fato que o homem exprime dentro da rede a sua necessidade de silêncio e de oração. Em tal modo cai o prejuízo difundido que consiste em acreditar que na Rede exista somente “barulho”. O Papa, ao contrário, nota que se deve considerar com interesses de várias formas os “sites, aplicações e redes sociais” que podem ajudar o homem de hoje a viver momentos de reflexão e também ocasiões para a oração. Em particular, sem citar nenhuma plataforma ou aplicação particular, o Papa afirma que “na essencialidade das breves mensagens, às vezes não maiores que um versículo bíblico, se podem exprimir pensamentos profundos”. Vem espontaneamente o twitter, certamente. O Pontífice, aqui, mais no geral, quer ligar os novos fenômenos à sabedoria que a reflexão religiosa que tem acompanhado por séculos o homem ocidental nesta sua necessidade de sabedoria essencial e estreitamente concisa. Dos dizeres dos padres do deserto às iniciativas que periodicamente alcançam um versículo evangélico para concentrar a atenção do cristão sobre todo o Evangelho, mas a partir de um ponto preciso.
A Mensagem do Papa, portanto, ajuda os cristãos a reapropriarem-se de uma tradição de sabedoria essencial profunda, que caracteriza a sua fé e a sua devoção, nos tempos de twitter, mas também daquelas que foram d definidas “aplicações do espírito”, como Other 6, o social network que partilha com seus inscritos o lugar no qual encontram Deus durante o dia, o lugar no qual teriam a necessidade de reconhecê-lo. Ou mesmo Prayer Wall que partilha intenções de oração, ou também 3 minutes retreat que permite fazer uma pausa espiritual de poucos minutos graças à música, imagens, palavra de Deus. Além disso, existem os sites Sacredspace.ie e o podcast Prayerstatio Portable ou Pray as you go. O elenco seria longo. O Pontífice reconhece o fenômeno e o valoriza com atenção, chamando para a importância de cultivar a própria vida interior não esporadicamente, mas com continuidade.
 Fonte: cancaonovanoticias.com

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2012




Entre os dias 20 e 27 de maio, cristãos de todo o Hemisfério Sul estarão unidos celebrando a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC). Será uma semana muito especial, pois pessoas das mais variadas etnias e culturas estarão dedicadas à reflexão sobre a importância da unidade na diversidade.

A SOUC, que este ano tem como tema “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo”, baseado na carta do apóstolo Paulo, pretende contribuir para que irmãos de diferentes congregações se juntem em momentos únicos de partilha, comunhão e integração.

Acesse o blog da SOUC e saiba tudo sobre o evento, baixe o cartaz e sabia a programação de sua região. O endereço eletrônico é http://semanadeoracaopelaunidade.blogspot.com.br/.

Leia abaixo uma carta assinada pelos integrantes do Conselho de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) sobre a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: carta das Igrejas-membro do CONIC

Brasília, 09 de março de 2012

Irmãos e irmãs da caminhada ecumênica!


Nós representantes das igrejas membro do CONIC, reunidos neste dia 09 de março em Brasília nos dirigimos a vocês na paz e na graça do nosso Senhor Jesus Cristo.

Nos aproximamos de mais uma Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Este ano, estaremos unidos/as em oração de 20 a 27 de maio, sob o lema bíblico da Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios: “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Coríntios 15. 51 – 58). Irmãos e irmãs da Polônia, país marcado por histórias de sofrimento, mas também por muita coragem no testemunho da fé, vencendo inúmeros desafios, prepararam esta semana de oração.

Convidamos a cada um/a de vocês a se unirem a este grande mutirão, que a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos produz. Cada um/a é chamado/a a transformar a realidade onde vive e a construir um mundo melhor. Temos diante de nós muitos desafios, oremos e mostremos sinais concretos na busca de superação!

Que a reflexão desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos nos anime a confiar sempre mais na transformação possível, com a fé alimentada na certeza que vem da vitória do Ressuscitado.

Com nossa benção e Fraterna Saudação,


Dom Maurício José Araújo de Andrade
Bispo Primaz da Igreja Anglicana

Pastor Dr. Nestor Paulo Friedrich
Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

Dom José Belisário da Silva
Vice- Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Rev. Cacilene Aparecida Nobre
Rep. da Igreja Presbiteriana Unida

Dra. Zulmira Inês Lourena Gomes da Costa
Rep. Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia



fonte:http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/8945-semana-de-oracao-pela-unidade-dos-cristaos-2012

O que é um Lucernário?

Nos primeiros tempos da Igreja, os cristãos santificavam o fim do dia com uma prece comunitária. Nos mosteiros, cantavam-se as “Véspera” ou “Completas”. Nos meios paroquiais, porém, era costume fazer o “Ofício do Lucernário” e as antigas “Vigílias”, muito freqüentes, ainda, nas Igrejas Orientais.

O nome «Lucernário» faz alusão evidente às luzes que se acendiam ao findar o dia. Este rito tem a luz como centro. Os fiéis se reuniam nas igrejas para juntos fazerem a oração da noite do povo de Deus, agradecer os benefícios recebidos durante o dia e suplicar a proteção de Deus durante a noite que se iniciava.

O simbolismo da luz representa um papel importante no conteúdo das horas de Laudes e Véspera: a luz do novo dia é cantada como símbolo de Cristo ressuscitado; e as luzes que se acendem ao cair da noite recordam a luz plena e sem ocaso que é o próprio Cristo.

De fato, o início da Vigília Pascal é um vestígio do antigo Lucernário. Não se pode esquecer do papel que representa, na piedade popular, o fato de acender velas: constitui um símbolo da vida cristã que deve consumir-se dando luz e calor; e deve estar sempre pronto, como as Virgens Prudentes, com suas lâmpadas acesas.

Religião ajuda a formar uma forte personalidade, enfatiza Papa.






O Papa Bento XVI renovou nesta sexta-feira, 5, o apelo aos Estados para que garantam a liberdade religiosa e valorizem o patrimônio cultural e religioso. O Santo Padre recebeu na Sala Clementina, no Palácio Apostólico Vaticano, os embaixadores da Etiópia, Malásia, Irlanda, Ilhas Fiji e Armênia que apresentaram suas cartas credenciais.

Ele destacou que "a religião nos permite reconhecer o outro como irmão na humanidade. Dá a possibilidade de todos conhecerem a Deus, com plena liberdade, ajuda a formar uma personalidade forte interiormente que nos torna capazes de ser testemunhas do bem".

O Pontífice disse ainda que “para reforçar as bases humanas da realidade sócio-política é preciso ser atentos também a outro tipo de miséria: aquela causada pela perda de referência aos valores espirituais, de Deus”.

Uma perda, que segundo ele, torna mais difícil o discernimento entre o bem e o mal assim como "a superação dos interesses pessoais em vista do bem comum".

O Papa dirigiu ainda um pensamento particular aos jovens que, na busca de um ideal, se voltam a paraísos artificiais como as drogas e o consumismo. Assim, advertiu que quanto mais cresce a pobreza, mais falta o amor.

A globalização nos torna mais próximos, mas pede também que sejamos mais atentos aos que sofrem, disse o Santo Padre. Em seu discurso, o Papa destacou as dificuldades enfrentadas por tantos povos como a pobreza e pediu que toda comunidade internacional enfrente, com justiça e solidariedade, tudo aquilo que ameaça o homem, a sociedade e o meio ambiente.

“O êxodo para as cidades, os conflitos armados, a fome e as doenças que afligem tantas populações crescem dramaticamente junto à pobreza. A crise econômica mundial, reconhecida com amargura, levam sempre mais famílias a uma precariedade crescente”, salientou o Pontífice.

A solidão cresce por causa da exclusão, reforçou o Papa. Para ele, quando a miséria coexiste com uma grande riqueza, nasce uma impressão de injustiça que se tornar fonte de revolta.

“É agora oportuno que os Estados façam com que as leis sociais não favoreçam as desigualdades, mas permitam que cada um viva de modo decente”, acrescentou.

Segundo o Santo Padre, é importante que as pessoas necessitadas tenham um reconhecimento social. E adicionou que o desenvolvimento das nações “deve olhar as pessoas em sua integridade e não somente o crescimento econômico”.

Uma convicção que deve se tornar uma ação efetiva, como a experiência com o microcrédito que dá a possibilidade de harmonizar os objetivos econômicos com as ações sociais, e ainda a democracia e o respeito à natureza.


Fonte: noticias.cancaonova.com

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A história de Sto Inácio narrada na voz de crianças.


Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola



Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola na Vida Cotidiana (EVC)


A versão dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola (EVC), apresentada neste site, é uma adaptação on line das experiências dos EVC já desenvolvidos por orientadores jesuítas e Centros de Espiritualidade Inaciana do Brasil. 


1) O que são os Exercícios Espirituais (EEs) de Santo Inácio de Loyola?
“Entende-se, por Exercícios Espirituais, qualquer modo de examinar a consciência, meditar, contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras atividades espirituais” (Inácio de Loyola). Trata-se, pois, de uma metodologia de desenvolvimento espiritual, proposta por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus (Ordem Religiosa dos Padres e Irmãos Jesuítas). A sua primeira redação, pelo próprio Inácio, se deu no ano de 1522, refletindo sua experiência espiritual. Mais tarde, foi enriquecida com sua experiência apostólica e sua formação intelectual (Paris, 1528-1535 e Veneza, 1536-1537).


2) Para que servem os Exercícios Espirituais?
A finalidade dos EEs pode ser resumida em três grandes metas:
- ser uma “escola de oração”, promovendo uma profunda união com Deus;
- desenvolver as condições humanas e espirituais para que o exercitante possa tomar uma decisão importante na sua vida;
- ser uma ajuda para a pessoa alcançar a liberdade de espírito, através da consciência do significado de sua existência, discernindo o que mais a conduz para a vida em plenitude.

3) O que significa “método de exercício espiritual”?
Significa que você, nos exercícios, não vai encontrar um tratado, uma teoria, nem mesmo, muito conteúdo. Mas, sim, um roteiro de exercícios. Como um roteiro de exercícios físicos, a matéria é desenvolvida pela própria pessoa, ao praticar os exercícios. Comparando-se a exercícios musicais, ou seja, um roteiro de exercícios para aprender a tocar um instrumento musical, a beleza da matéria está no resultado que a prática dos exercícios produzirem. Com o passar do tempo, a execução da música torna-se espontânea e resulta na beleza da música, na sua afinação e na sintonia com a orquestra toda.

4) Como praticar os Exercícios Espirituais?
Os EEs podem ser praticados na modalidade de um “RETIRO ESPIRITUAL”. Ou seja, afastando-se do seu local de vida e de atividades cotidianas, “retira-se” para um lugar mais propício à meditação. Para este fim, a Companhia de Jesus e outras congregações religiosas dispõem de casas de retiro espiritual (cf. endereços abaixo). Outra modalidade para a prática dos Exercícios Espirituais é a que se propõe neste site: “EXERCÍCIOS NA VIDA COTIDIANA” (EVC). Neste caso, sem se afastar de seus afazeres diários e se retirar a um lugar isolado, você poderá fazer os exercícios no dia-a-dia de sua vida.

5) Como praticar os Exercícios na Vida Cotidiana (EVC)?
Se você optar por fazer uma experiência espiritual seguindo a proposta dos EVC do presente site, observe o seguinte:
1º) Durante trinta dias, para cada dia, você seguirá um roteiro com proposta de meditação. 
2º) Procure se ater somente ao conhecimento do roteiro a ser exercitado em seguida, pois, trata-se de um caminho a ser percorrido espiritualmente, em oração, e não apenas intelectualmente. 
3º) Planeje sua caminhada espiritual: nestes trinta dias, dedique 30´ (trinta minutos) diários à meditação. Se possível, faça o exercício no início do dia, antes de iniciar os afazeres do dia, em ambiente silencioso que possibilite a concentração de todo o seu ser. No restante do dia você poderá retomar o Exercício, repetindo a frase ou palavra do texto bíblico que mais lhe marcou. Se você não puder dedicar esses trinta minutos exclusivos para o Exercício, você poderá fazê-lo até mesmo enquanto estiver em trânsito para o trabalho, ou em algum intervalo, durante o dia. Neste caso, você poderá fazer essa leitura antes de sair de casa ou imprimir a página do Exercício Diário ou memorizar uma frase ou uma palavra que mais te chamou atenção no texto. Quanto ao tempo de oração, Santo Inácio insiste na fidelidade diária e na pontualidade, pois essa “disciplina espiritual” é importante para você ir adquirindo um hábito espiritual. 

6) Orientação / acompanhamento espiritual?
Se você tiver acesso facilitado, em sua Paróquia ou Comunidade, a alguém que já tenha feito os EEs completos, procure, preferencialmente no final de cada semana (ou após os trinta dias), um acompanhamento espiritual. Nesta orientação espiritual, você poderá narrar os momentos mais significativos de sua caminhada espiritual e receber ajuda para discernir os próximos passos. Se possível, procure participar de um grupo de partilha dos EVC, acompanhado por pessoa experiente em orientação espiritual. Para dúvidas práticas, você poderá acessar o contato deste site, conforme está abaixo e no final de cada semana de EEs.

7) O roteiro de EEs.
O que se apresenta neste site é uma proposta de um mês de exercícios diários, correspondente à iniciação dos EEs. É um roteiro com matérias específicas para cada uma das quatro semanas de oração. Após esta fase de iniciação, se você desejar um aprofundamento da experiência na prática dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, sugerimos buscar orientação especializada em algum dos centros de espiritualidade inaciana (cf. endereços no abaixo). Contudo, você mesmo poderá formular um roteiro de caminhada espiritual. Para isso, o texto do Evangelho da Liturgia Diária é excelente (cf., neste site, “Evangelho do Dia” ou “Liturgia Diária”).

#Roteiro Básico dos Exercícios Diários
Para praticar os EEs, procure memorizar os cinco passos descritos abaixo, pois serão seguidos diariamente:

Primeiro Passo
Colocar-se na presença de Deus 
Oração é diálogo! Nesse caso, diálogo com Deus! Por isso, é imprescindível para a oração firmar convicção de que efetivamente esse alguém está comigo, para me ouvir e me falar, para relacionar-se comigo como duas pessoas que convivem e partilham dons e bens. Sempre, ao iniciar a oração, dedique um tempo para tomar consciência da presença de Deus em sua vida, “aqui e agora”.

Segundo Passo
Pedir a Graça de Deus 
Trata-se, neste momento, de apresentar a Deus o pedido da Graça que quero e desejo alcançar na oração. Dizer o que quero e desejo (e repetir isso várias vezes) fortalece a vontade e configura a mente e o afeto para acolher a vontade de Deus. Há um pedido próprio para cada fase dos exercícios. Conforme a dinâmica dos EEs, o pedido faz parte de uma pedagogia que nos possibilita um gradativo desenvolvimento espiritual. Contudo, é importante você formular este pedido com suas próprias palavras. O mesmo pedido deverá ser repetido em todos os Exercícios da semana.

Terceiro Passo
Meditar a Palavra de Deus 
Feito o pedido, leia com atenção o texto bíblico proposto para o Exercício do dia. O que Deus está me dizendo através desta palavra? O que isso pode significar para mim, na situação em que vivo atualmente? Demorar-se na meditação do texto bíblico, sem pressa, permitindo que a Palavra de Deus ecoe no íntimo de seu ser e existir. Saboreie interiormente cada palavra, cada frase. Durante o dia, você poderá recordar e repetir diversas vezes a frase ou a palavra mais marcante do texto.

Quarto Passo
Fazer um Colóquio com Deus 
Conclua sua oração com um “colóquio” com Deus, ou seja, como que conversando com Deus a respeito do seu momento de oração, fale a Ele o que você tem sentido. Numa relação de confiança e amizade autêntica, não tenha receio de manifestar a Deus os verdadeiros sentimentos e pensamentos que o presente Exercício Espiritual suscitou em você. As “moções do Espírito” são instrumentos pelos quais Deus age no mais íntimo do ser humano.

Quinto Passo
Anotar 
Concluído o Exercício, procure anotar em seu diário espiritual as percepções mais significativas da oração. O que mais me marcou interiormente? Que sentimentos, moções ou percepções a oração suscitou em mim? 

Na medida do possível, procure um acompanhamento espiritual com um jesuíta ou alguém que já tenha feito os Exercícios Espirituais completos. Neste acompanhamento você poderá partilhar sua experiência espiritual, procurar discernir o caminho percorrido e a direção dos próximos passos. A anotação que você fizer no final de cada Exercício será matéria para a orientação espiritual.

#Orientação
1ª) Em cada semana você deverá repetir os mesmos passos, mudando, apenas o texto bíblico da meditação. Contudo, se em determinado Exercício o texto despertou em você moções significativas, livremente, você poderá retomá-lo em outros momentos.
2ª) No domingo, você deverá fazer uma espécie de “repetição” dos momentos mais significativos dos exercícios da semana que passou. Como o domingo é dia de celebrar com a Comunidade Eclesial, você poderá tomar como matéria de sua oração um dos trechos bíblicos da liturgia dominical. Esse texto você poderá tirá-lo deste mesmo site (cf. “Liturgia Diária”).
3ª) As orientações que aparecem no final do roteiro diário devem ser lidas fora do momento da oração. Como em todos os textos, você deve se deter na reflexão dessas orientações somente se houver aí alguma contribuição para o momento que você estiver vivendo e para o êxito da caminhada.
4ª) Santo Inácio de Loyola nos chama atenção para a generosidade, uma atitude imprescindível para o sucesso dos Exercícios Espirituais: “muito aproveita entrar neles com grande ânimo e generosidade para com seu Criador e Senhor. Ofereça-lhe todo seu querer e liberdade, para que Deus se sirva, conforme Sua vontade, tanto de sua pessoa, como de tudo o que tem” (EEs, 5ª Anotação). Essa atitude de generosidade possibilita a você viver a comunicação com Deus numa relação de dom total. Pois, segundo Santo Inácio, amor é a partilha de dons e bens entre as pessoas que se amam.



Alguns dos Centros de Espiritualidade Inaciana:

Minas Gerais, Belo Horizonte: www.centroloyola.org.br
Minas Gerais, Juiz de Fora: www.centroloyolajf.com.br
Rio de Janeiro, RJ: www.puc-rio.br/campus/servicos/cloyola
Rio de Janeiro, São Conrado: carpacust@uol.com.br
Goiás, Goiânia: centroloyola.blogspot.com
Distrito Federal, Brasília: www.ccbnet.org.br
São Paulo, Indaiatuba: www.itaici.org.br
São Paulo, Rondinha: www.santoandre.org.br/rondinha
Rio Grande do Sul, São Leopoldo: www.cecrei.org.br
Mato Grosso, Cuiabá: secretariacbfj@brturbo.com.br
Amazônia, Manaus: diasjm@argo.com.br
Ceará, Russas: cies@yahoo.com.br
Piauí, Teresina: ciesteresina@panet.com.br