terça-feira, 28 de agosto de 2012

Aos jovens, sobre o "Moralismo" na Igreja



Esta carta nasceu dentro do seguinte contexto:

Estava passando alguns dias em missão nos EUA e chegaram-me muitas mensagens de jovens pedindo ajuda. Eles haviam assimilado pregações moralistas e estavam passando por sérias dificuldades. Alguns estavam desesperados a ponto de desistir da vida na Igreja por se sentirem indígnos. Em outros, o desespero era tão intenso que para eles a vida perdera o seu sentido. Como "jovem pastor", eu não pude me calar e escrevi a seguinte carta:



"Queridos jovens cristãos católicos,



Cada vez mais estamos sendo bombardeados com tantas ideias, pensamentos e afirmações tão distintas sobre Deus e a Igreja. O facebook é um grande veículo para isso. É verdade que existem mensagens consoladoras que exalam confiança e alegria. Mas é também verdade que o Evangelho está sendo usado para nos oprimir e julgar as nossas dificuldades e limites.



Pregações moralistas, radicalistas (diferente de radicalidade) e opressoras comprometem o nosso amor à vida, à beleza da criação, à Deus. Essas não nos ajudam a conhecer a beleza da sexualidade e a superar suas dificuldades e desafios. Tais pregadores impõe-nos fardos pesados e obrigam-nos a fazer o que eles mesmos não são capazes de cumprir. Esses chamam de santidade a pureza dos anjos e se esquecem que Deus não nos fez anjos, por isso não nos quer assim.



É muito triste perceber que as páginas libertadoras do Evangelho se transformaram em regras de moralismo no microfone de muitas comunidades cristãs. Sim, desse modo as palavras de Jesus são corroídas pelo jogo sutil de falácias que escravizam o cristão e reduz a sua visão. Jovens, precisamos “salvar” o Evangelho, amar a nossa humanidade, nos comprometer com os grandes desafios que desumanizam nosso mundo.



Nossa Ética não está em um livro, não pode ser escutada "simplesmente" em belas reflexões sobre documentos. Nosso código de Ética é uma pessoa e tem um nome: Jesus! Como Igreja que somos, precisamos viver em constante atitude de discernimento. É muito mais fácil seguir regras, difícil mesmo é discernir.



Por isso, jovem cristão, um apelo aqui fica pra você. Ao ler uma mensagem, assistir a um vídeo ou a uma pregação, comece a se perguntar: essas palavras são libertadoras ou opressoras? Elas são fiéis àquelas que foram pronunciadas na Galiléia, Samaria e Judéia por aquele Jovem que jamais julgou alguém e amou incondicionalmente até o fim?



Bruno Franguelli,SJ

Nova Iorque, 25 de fevereiro de 2012"

Fonte: http://brunojesuita.wix.com/escritos/apps/blog/aos-jovens-sobre-o-moralismo-na-igreja

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